Construção do modelo de uma Enviada do Seixal à escala 1/25

DESENHO E CORTE DAS PEÇAS

Começa-se por conceber a partir dos planos e por construir, em contraplacado marítimo com 4 mm de espessura, a armação estrutural do modelo. Esta peça constitui a espinha dorsal do modelo e é composta por várias peças (peça axial, balizas, reforços horizontais e apoios laterais do forro junto à roda de proa). Na imagem prepara-se o espaço onde se vai desenhar cada uma das peças da estrutura.

Um gabarito da peça axial, construído a partir de uma cópia plastificada do plano longitudinal, serve de molde para desenhar a peça no contraplacado. Repare-se nos entalhes para receber as balizas.

Com a ajuda do gabarito, transcreve-se o desenho da peça axial para o contraplacado marítimo. Usa-se o mesmo processo para transcrever o formato das balizas na madeira usando uma cópia do desenho das secções verticais do plano geométrico.

Separam-se os desenhos das peças da estrutura axial na serra circular e recortam-se as peças da estrutura na serra estacionária.

É sempre necessário afinar os cortes. Começa-se por eliminar os excedentes de madeira com a ajuda de um rolo de lixar montado no engenho de furar e acaba-se o trabalho à mão. Neste caso está-se a afinar o entalhe em altura e espessura no pé da baliza de forma a que esta última encaixe na peça axial.

Afina-se os entalhes na peça axial em altura e espessura para receber as balizas. As peças deverão ser ajustadas com alguma folga de modo a permitir correcções posteriores. É a cola que vai trancar o movimento das peças.
As várias peças da estrutura axial devem encaixar perfeitamente umas nas outras. Para que isso aconteça é necessário rectificar e afinar os vários cortes.
A estrutura do modelo ainda não está completa, mas já se consegue ter uma noção aproximada dos contornos do casco da embarcação e uma boa perspectiva do trabalho já realizado.

Montagem da base de apoio à construção. Colocaram-se uns esquadros em madeira na popa e na proa bem como ao longo da estrutura. Estas peças garantem o alinhamento e a esquadria da construção.
As balizas estão prontas para a colagem. Na foto, o painel de popa já se encontra colocado, mas não foi ainda colado. A primeira baliza a ser colocada sobre a estrutura é a baliza mestra. Segue-se depois sequencialmente a colocação das restantes balizas em direcção à popa e à proa. Deve-se utilizar cola epoxi bi-componente para fixar as balizas sobre a quilha.

Rectificando o alinhamento de uma baliza. A cola epoxi facilita o processo de alinhamento das balizas, pois à medida que aquela vai caramelizando vão-se corrigindo os eventuais desvios. Os carpinteiros navais do século XVII usavam o verbo “manegar” para caracterizar o processo de afinação das balizas sobre a quilha. A estrutura está pronta. As balizas cortam a quilha na perpendicular, formando um ângulo de 90 graus com o solo e com o eixo da quilha. A simetria das balizas em ambos os bordos deve ser repetidamente verificada enquanto a cola vai secando.


Este é um momento privilegiado do processo de construção. Com todas as balizas fixas sobre a quilha temos finalmente tridimensionalizada a nossa construção e o modelista pode pela primeira vez dar-se ao prazer de contemplar com satisfação o fruto do seu trabalho.

Antes de aplicar o forro é necessário proceder ao “abatimento da madeira” nas balizas, ou seja, é necessário desbastar o excesso de madeira nos lados das balizas de proa e popa, de forma a que as voltas do forro assentem convenientemente em toda a extensão das mesmas. Verificando se a tábua do forro assenta sobre as balizas sem ressaltos de popa à proa. Nesta fase verificou-se que, à semelhança daquilo que já havia sucedido com a canoa da picada, as balizas da vante estão demasiado recolhidas. Como o problema ocorre em todos os modelos, não é provável que esta situação derive de um defeito de construção. Existe um erro no desenho das secções verticais do plano geométrico da Enviada do Seixal que deverá ser corrigido.